sexta-feira, 26 de abril de 2013

Análise de Portfólio - Matriz BCG

Análise de Portfólio - Matriz BCG

A Matriz BCG é uma ferramenta gráfica para análise do portfólio de produtos ou unidades de negócio de uma dada empresa, tomando como base o crescimento do mercado e participação de mercado (tomando como referência o maior concorrente).

A ferramenta foi desenvolvida pela empresa de consultoria BCG – Boston Consulting Group em 1970.
Segundo seu principal criador, HENDERSON (1998), para a obtenção de sucesso a empresa precisa ter um portfólio de produtos com diferentes taxas de crescimento e participação de mercado, sendo possível assim estabelecer um equilíbrio entre os fluxos de caixa deste portfólio de produtos.
Em cada quadrante desta matriz tem-se as seguintes considerações, sob o ponto de vista do Design:
  • Em questionamento (também conhecido como "ponto de interrogação" ou "criança-problemática"): tem a pior característica quanto a fluxo de caixa, pois exige altos investimentos e apresenta baixo retorno sobre ativos e tem baixa participação de mercado. Se nada é feito para mudar a participação de mercado, pode absorver um grande investimento e depois de tornar um "abacaxi". Por outro lado, por estar em um mercado de alto crescimento pode-se tornar um produto "estrela".
  • Estrela: exige grandes investimentos e são líderes no mercado, gerando receitas. Ficam frequentemente em equilíbrio quanto ao fluxo de caixa. Entretanto, a participação de mercado deve ser mantida, pois pode-se tornar numa "vaca leiteira" se não houver perda de mercado.
  • Vaca leiteira: neste quadrante enquadram-se os produtos líderes do mercado onde a empresa atualem segmentos de crescimento reduzido –produtos em fase de maturidade do ciclo de vida
Associados a estruturas de mercado estáveis –concorrência pouco intensa
Requerem reduzido investimento para a manutenção da liderança de mercado
Segmentos com elevada margem de lucro por unidade, frequentemente utilizados para financiar estratégias de crescimento da empresa noutros produtos ou segmentos
os lucros e a geração de caixa são altos. Como o crescimento do mercado é baixo, não são necessários grandes investimentos. Pode ser a base de uma empresa.
  • Abacaxi (também conhecido como "cão", "vira-lata" ou "animal de estimação", expressões que não traduzem bem o conceito em português): os "abacaxis" devem ser evitados e minimizados numa empresa. Cuidado com os caros planos de recuperação. Invista se for possível na recuperação, senão desista do produto.

Algumas desvantagens desta ferramenta incluem:
  • alta participação de mercado não é o único factor de sucesso;
  • crescimento de mercado não é o único indicador de atractividade de um mercado;
  • às vezes um "abacaxi" pode gerar mais caixa que uma "vaca leiteira".




Aula 08 - DS aplicado a Serviços - Seleção de Recursos de Baixo Impacto Ambiental

Este princípio inclui considerações sobre a seleção de materiais bio-compatíveis e atóxicos quando do provimento de produtos ou serviços.A consideração das repercussões ao longo de todo o ciclo de vida é fator primordial no processo de seleção de um dado material utilizado em um produto ou serviço. Um material pode apresentar impacto ambiental baixo em uma dada fase do ciclo de vida e, ao mesmo tempo, um elevado impacto ambiental na fase subseqüente. Na produção de café, por exemplo, o impacto ambiental dos materiais associados ao sistema produto+serviço pode eventualmente estar mais concentrado nos filtros (material + recursos utilizados para seu transporte) no dispêndio energético para aquecimento da água do que propriamente nos materiais utilizados na cafeteira.
Frequentemente este princípio é confundido como sinônimo de reciclagem. Embora a reciclagem seja uma das possibilidades de implementação deste princípio, o mero uso de matéria prima oriunda de resíduos industriais ou domiciliares não implica necessariamente em vantagem ambiental. Um resíduo de longo ciclo de vida pode, por exemplo, ser utilizado como matéria prima em produtos de ciclo de vida baixa o que resultaria em minimização muito abaixo do seu potencial. O brinquedo apresentado abaixo, por exemplo, tem um ciclo de vida bastante baixo ao passo que os materiais reciclados que o material PET reciclado no qual foi produzido tem um ciclo de vida potencial de mais de duzentos anos.
Dois atributos são centrais na seleção de materiais e energia:
ü Fontes renováveis: neste atributo a preocupação é com o provimento de acesso aos mesmos recursos do presente às gerações futuras, um dos axiomas da definição atual de desenvolvimento sustentável. Portanto, seguindo a definição de Vezzoli (2007), um recurso é renovável se taxa de consumo é menor que taxa de renovação natural deste recurso;
ü Recursos atóxicos ou de baixo risco: neste atributo a preocupação é com a seleção de materiais que não ofereçam riscos ao ser humano ou ao restante do eco-sistema, ao longo de todo o ciclo de vida de um dado produto.
É no setor de energia que a necessidade por utilização de fontes renováveis tem se mostrado cada vez mais premente. Como mencionado anteriormente este setor necessita ser “descarbonizado” na ordem de 60% até 2050 para que as concentrações atmosféricas se estabilizem ao redor de 550 ppm CO2e (Stern Review, 2008). As fontes de energia renováveis incluem a energia hidráulica; biomassa (biocombustíveis, como o biogás, o bioálcool e o biodiesel); Solar; Eólica; Geotérmica; maremotriz (a partir das marés ou das ondas oceânicas ou do gradiente térmico entre a superfície e o fundo do mar) e de Hidrogênio. As implicações da adoção de fontes de energia renováveis são diversas, incluindo desde mudanças no perfil econômico de uma região até as características arquitetônicas das habitações.
Assim como ocorre com as fontes de energia, a evolução nas tecnologias de materiais tem permitido cada vez mais a inserção de materiais de fontes renováveis em produtos onde outrora tal possibilidade não era nem cogitada. O paradigma convencional que associa o uso de matéria prima de fonte renovável com rusticidade e desconforto vem sendo desafiado com a geração de produtos com design contemporâneo e que integram de forma harmoniosa matéria prima de fontes renováveis.
Estes atributos não são intrínsecos aos materiais pois dependem do contexto de sua aplicação. O produto constante na figura a seguir é, em grande parte, produzido a partir da madeira. Este material é usualmente atribuído a característica de “renovável”. Contudo, caso a fonte da madeira não apresente práticas de gestão florestal planejada e controlada, haverá muito provavelmente a redução da capacidade do sistema em renovar os estoques de madeira. Assim, a definição quanto à “renovabilidade” de um determinado recurso demanda uma perspectiva sistêmica, implicando na análise de relações e características dos stakeholders ao longo de toda a cadeia produtiva e do ciclo de vida do produto. Vale notar que algumas madeiras, embora de fontes potencialmente renováveis, já se encontram escassas e necessitam ser evitadas quando do desenvolvimento do projeto de um produto. Entre estas madeiras inclue-se: balsa, pinheiro douglas, ébano, lárix, iroco, mogno, cedro vermelho, teça.
Entre os materiais de fontes não renováveis e que encontram escassez cada vez maior destaca-se o cobre, zinco, platina e estanho. Estes materiais também necessitam ser evitados quanto do projeto de um poduto. Nos materiais que provém de fontes não renováveis uma das estratégias possíveis para o design sustentável é a utilização de matéria prima oriunda de refugos industriais ou de resíduos domiciliares. Este prática, fortemente ligado ao Nível 2 (redesign de produtos) e 3 (design de produtos intrinsecamente mais sustentáveis) dos níveis de Design Sustentável apresentado neste blog tem apresentado uma grande demanda por parte de empresas e governo pois contribui para atender requisitos presentes na legislações associadas aos resíduos. Os resíduos neste caso deixam de ser tratados como “lixo” e passam a ser matéria prima para o processo de criação.
Os dados da Bolsa de Reciclagem no Paraná demonstram o potencial de efetiva contribuição do Design para a causa ambiental no âmbito dos resíduos industriais. Este organismo divulga oportunidades de negócios pela internet entre as empresas que ofertam e procuram resíduos, como também promove informação, assessoria e marketing para o setor ambiental. Em Janeiro de 2008 haviam 1844 anúncios de resíduos, sendo que a grande maioria tratava-se de plásticos, equipamento/mobiliário e metais, conforme mostra a figura a seguir.
Figura 11 – Perfil dos Anúncios da Bolsa Reciclagem da FIEP em Janeiro de 2008
Obviamente o comportamento do consumidor quanto a produtos com matéria prima de origem reciclada deve ser diferente do convencional. A busca por homogeneidade por exemplo, é substituída pela valorização da diversidade. A figura a seguir mostra um conjunto de pratos disponíveis para venda na Europa onde é utilizado justamente o vidro reciclado. Note-se que nenhum o conjunto tem cores diversas em cada peça, sendo isto um atributo de venda do mesmo.
Figura 12 – Conjunto de pratos produzidos a partir de resíduos de vidro
Mesmo nos produtos onde a matéria prima não é de fonte reciclada há necessidade de esforços da parte do Design no sentido de promover mudanças de comportamento e percepção do consumidor. Produtos a base de algodão naturalmente colorido, por exemplo, tem no presente uma gama limitada de cores assim como possibilidades de textura menores que as matérias primas sintéticas. A Figura a seguir mostra um exemplo de camiseta da “Touch the Earth Gently”, dos Estados Unidos, produzida com algodão orgânico e utilizando pigmento a base de Clay para seu tingimento.
Figura 13 – Camiseta “Touch the Earth Gently”
A seleção de materiais para um determinado produto pode prever benefícios ambientais mesmo para as fases pós-uso através da facilitação de atividades de reciclagem, compostagem ou geração de energia. A empresa UncommonGoods oferece um bom exemplo de tal abordagem com seus cartões “Bloom and Grow”. Normalmente cartões festivos tem uma vida útil bastante curta e acabam não aproveitando o potencial da matéria prima utilizada. A estratégia desta empresa foi a de contribuir para acelerar o processo de compostagem uma vez que os cartões tenham cumprido sua missão. Esta aceleração ocorre com a adição de sementes no próprio papel que compõe o cartão, permitindo à pessoa que recebeu o cartão o plantio de flores utilizando o cartão no momento de descarte.
Figura 14 – Cartões da Uncommon Goods com sementes inseridas no papel para acelerar a compostagem
Como apontado no início da seção, além de observar se a fonte da matéria prima ou energia é renovável, o Designer deve estar atento ao nível de toxidade e perigo associado ao material. Novamente, esta preocupação deve-se estender ao longo de todo o ciclo de vida do produto e não somente na fase de uso. Muitas vezes a toxidade do material somente ocorre na fase de reciclagem ou incineração e, no caso brasileiro, com freqüência as pessoas que manuseiam os materiais na fase final do ciclo de vida dos materiais não apresentam proteções adequadas no que tange a segurança no trabalho. Neste quesito vale apontar alguns materiais a serem evitados no projeto de produtos:
Asbestos/amianto
Policlorobifenóis (PCB) e polilorotrifenóis (PCT)
Clorofluorcarbonos (CFC) (usado em sistemas de resfriamento, agentes que transformam plástico em espuma, limpreza de circuitos impressos)
Tolueno: produtos para limpeza e vernizes
Ligas de chumbo
Dicromato/Zinco/bióxido de Enxofre: cabeça de fósforos (responsáveis pela acidificação);
Polibrumados (PBBE e PBB): componente de plásticos
Cádmio: pigmento de coloração de plásticos, vernizes, etc
Papel tratado com cloro (difíceis de serem filtrados no processo de reciclagem)
Ligas à base de uréia formaldeído
Pentaclorofenóis: produtos confeccionados em madeira
Compostos Orgânicos Voláteis (COV): tintas
Metais pesados: pigmentos para coloração;
Galvanização: dificuldade de filtragem da águas residuais
Infelizmente o Brazil dispõe de poucas bases de dados para prover suporte ao processo de seleção de materiais para um determinado produto. A situação é mais grave quando se trata da Análise de Ciclo de Vida. No momento as ferramentas de ACV para apoio ao processo de criação do Design utilizam em sua quase totalidade base de dados estrangeiras. A Associação Brasileira de Ciclo de Vida tem um projeto que prevê a construção de um sistema de banco de dados para armazenamento de ICV’s, a capacitação de recursos humanos e o Estabelecimento de metodologia padrão e desenvolvimento de inventários. Contudo, os resultados destas iniciativas deverão ser visíveis e passíveis de utilização pelo Design somente a longo prazo.
No check-list constante no quadro a seguir aponta algumas diretrizes para a seleção de recursos de baixo impacto ambiental quando da análise de produtos existentes ou desenvolvimento de novos produtos.
Quadro 1 – Check-list para a seleção de materiais na dimensão ambiental do design sustentável (baseado em Manzini & Vezzoli, 2002)
ü
Item
M
Minimiza ou evita inserir materiais tóxicos e danosos no produto
M
Evita aditivos que causam emissões tóxicas e danosas
M
Evita acabamentos tóxicos e danosos ao meio ambiente
M
Usa materiais com menor conteúdo tóxico de emissões na pré-produção
M
Evita o uso e dispersão de materiais de consumo tóxicos e danosos na fase de uso
M
Usa materiais renováveis
M
Usa materiais biodegradáveis
M
Usa materiais que provém de refugos de processos produtivos
M
Usa componentes que provém de produtos já eliminados
M
Usa materiais reciclados, em separado ou em conjunto com outros materiais virgens
M
Materiais selecionados permitem a reciclagem to “cascata”
M
Escolhe tecnologias de baixo impacto ambiental na transformação dos materiais
M
Utiliza fontes energéticas renováveis na fase de uso
M
Utiliza fontes energéticas que minimizam emissões nocivas na pré-produção e produção
M
Utiliza fontes energéticas que minimizam emissões nocivas na distribuição
M
Utiliza fontes energéticas que minimizam as emissões nocivas na fase de uso
M
Utiliza fontes energéticas que minimizem os lixos e as escórias tóxicas e nocivas
M
Escolhe fontes energéticas com alto rendimento de segunda ordem
É importante notar que um dado material pode eventualmente apresentar um baixo impacto ambiental mas, ao mesmo tempo, decorrer em efeitos negativos sobre a dinâmica sócio-econômica de uma determinada região. Tal efeito frequentemente traz no longo prazo conseqüências negativas ao meio ambiente e, portanto, deve fazer parte das considerações do Designer quando da seleção de um material. A migração de pessoas devido a mudanças tecnológicas no processo de produção na região em que vive, por exemplo, implica em fluxos que afetam o meio ambiente de tal modo que muitas vezes isto pode tornar irrelevante o benefício ambiental da nova tecnologia. A dimensão social do Design Sustentável e os critérios de projeto associados à mesma serão apresentados em detalhe no Volume 2 desta série.