sábado, 30 de abril de 2011

Aula 09 - Storyboard

É de fundamental importância ao Design de Serviço a utilização de instrumentos que permitam a visualização da sequência e etapas que compõe a experiência do serviço propriamente dito. Uma das ferramentas mais utilizadas para esta visualização são os storyboards e storyspots. Estes consistem em uma imagem sequenciada dos principais eventos, podendo ser apoiado por elementos gráficos adicionais e textos.

Na figura ao lado apresenta-se um exemplo de estratégia de elaboração de um storyspot através da utilização de uma codificação de cores para determinar os diversos atores, inseridos diretamente em fotos que retratam os ambientes onde serão realizados os serviços.

Storyboards podem ser realizados em formato de vídeo. Excelente exemplos, ligados diretamente à questão da sustentabilidade, podem ser vistos em:




Há diversos vídeos no youtube dando dicas de como construir storyboards, por exemplo:



Para quem quiser utilizar um software para realizar storyboards vai a dica a baixo:


==========================================
EXEMPLO DE APLICAÇÃO EM CASO REAL


Proposições para a ampliação da ecoeficiência do mobiliário Para a minimização do impacto ambiental do mobiliário em curto prazo, propõe-se que a empresa estabeleça requisitos para a aquisição desses produtos, como por exemplo: exigência de madeira certificada (selo FSC – Forest Stewardship Council), certificação de desempenho ambiental (ISO 14000), etc.


Em curto prazo, a empresa encontrará dificuldades para adquirir mobiliário intrinsecamente sustentável, pois nesse setor as ações voltadas às questões ambientais têm sido focadas majoritariamente no incentivo do uso de materiais alternativos, como madeiras e materiais reciclados


Segundo Chaves (2003), esse fato parece estar relacionado à tradição nacional do design buscar em primeira instância a definição estética do produto e eventualmente preocupando-se em adequá-lo aos requisitos ambientais. Apesar de já poderem ser percebidas algumas ações mais amadurecidas, no sentido de ampliar as discussões para a ação do designer em todo o ciclo de vida do produto, ainda são poucas as iniciativas com resultados concretos na prática industrial do setor de móveis no Brasil (CHAVES, 2003).


A partir do projeto do PSS objetiva-se obter, em um cenário de médio prazo, parcerias integradas e colaborativas entre fornecedores e produtores em função dos interesses comuns. Por exemplo, para resolver as questões apresentadas pela empresa sobre a dificuldade de encontrar mobiliário certificado com selo FSC (modular ou multifuncional e de fácil desmontabilidade) propõe-se uma parceria entre a Globusiness e um fabricante de mobiliário que possua interesse e esteja capacitado para incluir tais necessidades na etapa de projeto e pré-produção. A partir da realização de ações conjuntas, o fabricante passa a oferecer gradativamente serviços de manutenção (em associação com cooperativas de marceneiros e/ou instituições de fomento.


Dentro das possibilidades atuais, as inovações desse novo cenário se restringiriam a essa etapa. Porém, para um desdobramento futuro seria possível implantar um sistema de reparação ou recolha dos produtos com defeitos ou depreciação causados pelo uso. Para que o fabricante do mobiliário consiga abranger todo o ciclo de vida do material, além de preocupar-se com a extração da matéria-prima, seu processo produtivo e sua utilização, futuramente também deve preocupar-se com seu fim de vida; ou seja, pensar em sistemas de logística reversa para que seja possível a recuperação desses produtos e a destinação adequada aos resíduos.


Desta forma, como desdobramento futuro, o PSS possibilita a ampliação da cooperatividade entre os stakeholders envolvidos no sistema possibilitando um maior atendimento das necessidades do usuário, bem como uma gestão integrada do ciclo de vida dos produtos, tornando possível a visualização de estágios mais críticos do processo produtivo e tomar medidas para minimizar seus impactos desde a fase do planejamento.



==========

OUTROS EXEMPLOS DE STORYBOARD












Aula 08 - DS aplicado a Serviços - Minimização dos Recursos

Os níveis crescentes de consumo de recursos per capita demandam do Designer a reflexão sobre soluções que revertam este crescimento porém sem reduzir a satisfação das pessoas. Minimizar os recursos presentes em produtos e serviços é uma das estratégias centrais para alcançar este objetivo. Não se trata apenas da minimização de recursos no produto/serviços na fase de uso mas sim em todo o ciclo de vida, incluindo a minimização de perdas/refugos na produção, redução da energia necessária para a produção e operação do produto, redução ou eliminação das embalagens utilizadas e minimização do transporte requerido.

A minimização de recursos em um produto ou serviço pode ser obtida pela fusão de elementos que convencionalmente estariam separados. O serviço de limpeza de um apartamento pode estar associado ao serviço de re-abastecimento de produtos de limpeza providos a granel (shampoo, sabão, etc).

Desenhar soluções adequadas para as exatas necessidades do usuário, eliminando excessos e itens desnecessários (vide exemplo ao lado - empresa Martoni - disponível na base de dados Eco-Cathedra), e ainda assim manter ou ampliar o valor dos produtos/serviços é um desafio complexo pois envolve muitas vezes a mudança de paradigmas culturais fortemente estabelecidos na sociedade. É preciso, por exemplo, reverter paradigmas da relação entre o tamanho e quantidade de recursos materiais associados a um dado serviço/produto e o status associado a estas opções.

Um aspecto em particular chama a atenção quando se trata da contribuição de serviços na minimização de recursos para o provimento de uma unidade de satisfação: o volume de embalagens que utilizamos na sociedade atual. O volume é via de regra excessivo e o design pode contribuir decisivamente para alterar este quadro. É preciso, por exemplo, alterar a percepção no consumidor ainda quando criança de que quanto maior a embalagem maior o carinho da pessoa que está presenteando!

Soluções orientadas à minimização dos recursos na fase de uso têm como desafio o fato de que muitas vezes demanda alteração no comportamento do consumidor, o que não necessariamente ocorre em situações reais. Soluções em design da informação ou intervenção nos atributos semióticos associados ao serviço/produto podem contribuir para influenciar esta mudança de comportamento.

Uma estratégias eficaz para reduzir consideravelmente o volume de recursos utilizados no provimento da satisfação das pessoas é a implementação de sistemas produto+serviço (PSS), conforme apresentado no início deste livro. O PSS pode ir desde o provimento de uma plataforma a partir da qual o usuário consegue ter suas necessidades atendidas até sistemas orientados a resultados finais ao usuário (full service). O impacto desta abordagem na minimização de recursos é significativo pois há maior compartilhamento de recursos entre consumidores e, eventualmente, a própria desmaterialização do consumo. No Brasil são raros os cursos de graduação que tratam desta temática e ainda mais raros os profissionais capacitados para o projeto de sistemas produto+serviço, muito embora no mundo real observe-se um número crescente de tais sistemas sendo implementados (embora nem sempre de forma eco-eficiente).

O quadro a seguir apresenta um check-list de critérios de projeto orientados à minimização dos recursos em produtos e serviços, tendo como base as propostas de Manzini & Vezzoli e os resultados dos estudos realizados no Núcleo de Design & Sustentabilidade.

Quadro 1 – Check-List the Critérios para a Minimização de Recursos (produtos)

CRITÉRIOS

SIM

NÃO

Não se Aplica

Os serviços possibilitam a redução dos insumos para a operação do produto?

O serviço oferece uma plataforma na qual a remuneração ocorre pela unidade de satisfação?

O serviço oferece um full service, focado nos resultados finais da unidade de satisfação?

O serviço instrumentaliza o uso coletivo do produto e sua infraestrutura?

São utilizados serviços especializados quando os mesmos podem resultar em uso mais ótimo dos recursos?

Há a desmaterialização do produto ou algumas de suas partes?

Há a digitalização do produto ou algumas de suas partes?

Foi implementado a miniaturização?

O produto evita dimensionamentos excessivos?

O produto minimiza os valores de espessura dos componentes?

Usa nervuras para enrijecer as estruturas?

Escolhe processos produtivos que minimizem o consumo de materiais?

Escolhe os processos produtivos com menor consumo energético

Utiliza instrumentos e aparelhagens produtivas eficientes

Utiliza o calor disperso por algum processo produtivo, para pré-aquecimento de fluxos de outros processos?

Utiliza sistemas de regulagem flexível da velocidade dos elementos de funcionamento de bombas/motores?

Utiliza sistemas de interruptores inteligentes das aparelhagens?

Os motores foram dimensionados de maneira otimizada?

Facilita a manutenção dos motores?

Foram definidos cuidadosamente os limites e tolerâncias?

Otimiza os volumes de compra dos lotes (estoques)?

Otimiza os sistemas de controle de estoque (inventário)?

Minimiza o consumo de materiais como papéis e embalagens?

Usa instrumentos computacionais para o projeto, modelagem e prototipagem?

Usa instrumentos computacionais para arquivamento, comunicação escrita e apresentações?

Evita excesso de embalagens?

Utiliza material somente onde for realmente útil?

Produtos compactos com alta densidade de transporte e de armazenagem?

Os produtos são concentrados?

A solução torna os produtos mais leves?

O produto é passível de ser utilizado coletivamente?

Busca a eficiência do consumo de recursos no funcionamento do produto?

O design permite eficiência de operações de manutenção?

Usa suportes digitais reconfiguráveis?

Utiliza sistemas com consumo variável de recursos para diferentes exigências de funcionamento?

Usa sensores para o ajuste dos consumos às exigências de funcionamento?

Incorpora nos produtos mecanismos programáveis para desligar automaticamente?

Faz com que o estado de default seja o de menor consumo possível?

Prevê sistemas com consumo passivo de recursos?

Adota sistemas de transformação de energia de alto rendimento ?

Usa motores com maior eficiência?

Projeta/adota sistemas de transmissão de energia de alta eficiência?

Utiliza materiais ou componentes técnicos de energia de alta eficiência?

Utiliza materiais ou componentes técnicos altamente isolados?

Projeta sistemas com isolamento ou distribuição precisa dos recursos?

Minimiza o peso dos produtos que devem ser movidos?

Projeta sistemas de recuperação de energia e de materiais?

Facilita o uso da economia de energias e de materiais?



A constatação de que a quantidade de recursos consumidos não tem uma relação com felicidade pode ser obtida através da análise dos Índices de Felicidade Interna Bruta (FIB) (uma alternativa inteligente ao PIB – Produto Interno Bruto). Via de regra esta análise mostra que após certo nível de renda o aumento da riqueza não conduz a um correspondente aumento da felicidade. Como resultado, países que apresentam elevado volume de consumo não necessariamente apresentam o nível mais elevado de felicidade (vide imagem ao lado). O Butão utiliza este indicador na administração do pai, sendo metido: padrão de vida, saúde, educação, resiliência ecológica, bem-estar psicológico, diversidade cultural, uso equilibrado do tempo, boa governança e vitalidade comunitária. No Brasil a FGV (2008) confirmou validade do axioma base do FIB em survey realizada entre jovens brasileiros com idade entre 15 e 29 anos. Os jovens pesquisados apresentaram o nível mais alto de felicidade futura, dentre os jovens dos 132 países pesquisados.