terça-feira, 29 de março de 2011

Aula 04 - A Inserção do DS no modelo genérico do PDP

postagem com trechos extraídos da dissertação:

Prado, Gheysa. Protocolo para Definição das Prioridades Sociais no Processo de Desenvolvimento de Produtos. Programa de Pós-Graduação em Design da UFPR, 2010. (orientador: Professor Dr. Aguinaldo dos Santos)


O PDP proposto por Rozenfeld et. al. (2006) é composto, basicamente, por três grandes etapas, o Pré-Desenvolvimento, o Desenvolvimento e o Pós-Desenvolvimento (figura a seguir). Esse modelo, segundo os autores, pode ser adaptado de acordo com a abordagem mais específica a ser utilizada em um dado projeto ou organização.


Etapas básicas do modelo de referência do PDP (FONTE: ROZENFELD et. al., 2006)

Iniciando-se pelo pré-desenvolvimento, há as etapas de planejamento estratégico do produto e o planejamento do projeto a ser executado (figura a seguir). O planejamento estratégico do produto, realizado na fase de pré-desenvolvimento, tem, segundo Rozenfeld et. al. (2006), a revisão do planejamento estratégico de negócios, a análise e proposição de mudanças do atual portfólio da empresa. A definição dos produtos a serem desenvolvidos e a definição acerca das características iniciais destes, como segmento de mercado, recursos necessários, tendências tecnológicas etc. também fazem parte desta etapa. O planejamento do projeto, em si, é a determinação do escopo do projeto e do produto, orçamentos, prazos, definição do pessoal, recursos, procedimentos de avaliação, análises de risco e indicadores de desempenho do projeto e do produto (ROZENFELD et. al., 2006).

Pré-desenvolvimento e suas etapas (FONTE: ROZENFELD et. al., 2006)

Note-se que aqui reside uma diferença fundamental para a abordagem do Design de Serviço, centrada no usuário. No PDP de Rozenfeld é o planejamento estratégico da empresa é a etapa inicial, o que implica na definição de um escopo a priore do mercado e o portfólio de serviços e produtos a serem oferecidos. Enquanto isto, no Design de Serviços, o foco é a satisfação do usuário e isto pode resultar inclusive na necessidade de se implementar uma nova organização. Em uma abordagem centrada no usuário não seria incomum encontrar soluções que não são necessariamente alinhadas com um plano estratégico previamente determinado.

A segunda grande etapa do modelo de referência de Rozenfeld é o "desenvolvimento" propriamente dito. Esta fase é a mais complexa a extensa sendo composta, ao total, por cinco etapas. São elas: os projetos informacional, conceitual e detalhado, a preparação da produção e lançamento do produto (vide figura a seguir).


Etapas do desenvolvimento (FONTE: ROZENFELD et. al., 2006)

O projeto informacional tem como objetivos, detalhar o ciclo de vida dos produtos, definir os requisitos de acordo com desempenho, relação com o meio ambiente, vida em serviço, eficiência, transporte, embalagem, quantidade, infra-estrutura, tamanho e peso, estética, aparência e acabamento, materiais, normas, ergonomia, armazenamento e vida de prateleira, testes, segurança, política do produto, implicações sociais e políticas, responsabilidade do produto, operação e instalações, reutilização, reciclagem e descarte. A definição das especificações meta do produto (parâmetros quantitativos dos requisitos) também faz parte do projeto informacional (ROZENFELD et. al., 2006). Esta esta etapa corresponderia à etapa de "descoberta" dos modelos de Design de Serviços. Há aqui também uma diferença na filosofia de captura destas informações: enquanto no processo ortodoxo do PDP há uma ênfase na observação para captura dos requisitos no processo de Design de Serviço há uma imersão do Designer na experiência do usuário. Esta imersão pode implicar inclusive no Designer exercer o papel de cliente afim de efetivamente entender a dinâmica da experiência.

O projeto conceitual tem a finalidade de modelar o funcionamento do produto (requisitos funcionais e lista de funções), definir princípios de soluções para as funções e desenvolver alternativas de soluções para o próprio produto (bem conhecida no meio do design como fase de geração de alternativas (LÖBACH, 2001)). A análise de sistemas e subsistemas e componentes para a definição de parâmetros, definição da ergonomia e da forma, dos fornecedores e parcerias para co-desenvolvimento, a seleção de alternativa o planejamento do processo de manufatura macro são igualmente fases integrantes do projeto conceitual (ROZENFELD et. al., 2006). Esta etapa também é realizada no Design de Serviço, porém com ferramentas diferentes. Como o serviço é intangível, o foco são nas ferramentas de visualização do processo de realização do serviço e suas características (ex: storyboards, animações).

O projeto detalhado é a etapa na qual as principais definições do produto são concluídas. Nesta são feitas o detalhamento do sistema, subsistemas e componentes e é decidido quanto a produção ou compra destes, bem como suas avaliações (desenvolvimento de modelos e execução de testes), o planejamento dos processos de fabricação e montagem, projeto dos recursos de fabricação (ferramentas, máquinas, equipamentos e instalações necessárias). A otimização de produto e processo (desenhos detalhados com cotas), a criação de material de suporte do produto (manuais de operação e descontinuidade) e sua embalagem (incluindo transporte), o planejamento do fim da vida, testes e homologação do produto também compõe a etapa do projeto detalhado (ROZENFELD et. al., 2006). No Design de serviço esta etapa pode envolver inclusive a realização de validações e testes piloto em ambientes controlados ("mock-up do serviço").

A etapa de preparação da produção no PDP tem como objetivos principais, obter os recursos de fabricação, planejar a produção piloto, receber e instalar os recursos, produzir o lote piloto, homologar o processo, otimizar a produção e certificar o produto. O desenvolvimento do processo de produção e o de manutenção também estão inseridos nesta etapa. No Design de Serviços esta etapa inclui o desenvolvimento de manuais para treinamento e outros elementos necessários para a garantia da robustez do serviço. Isto é particularmente relevante quando há interesse em replicar o serviço em outros locais ou quando há rotatividade do pessoal envolvido no provimento do serviço.

O lançamento do produto é a última fase do desenvolvimento e é a etapa responsável, basicamente, pela definição dos 3 P’s de marketing ainda não definidos, a Promoção, a Praça e o Preço (LAS CASAS, 2005), já que o P de Produto é a essência do PDP. São, portanto, objetivos desta etapa, o desenvolvimento dos processos de venda, distribuição, atendimento ao cliente e assistência técnica, bem como promover o marketing de lançamento, lançar, de fato, o produto fazendo o gerenciamento desta fase. A atualização do plano de fim de vida também faz parte desta etapa (ROZENFELD et. al., 2006). Assim como produtos, o design de serviço também envolve estas atividades, incluindo as ações orientadas à sua descontinuidade. A interrupção de um serviço necessita de planejamento. Em alguns setores esta etapa é inclusive imposto pela legislação de proteção ao consumidor (ex: descontinuidade de serviços na web).






A terceira e última grande etapa do modelo de referência do PDP e que o encerra no âmbito do produto desenvolvido, é a etapa de pós-desenvolvimento. Esta etapa é composta pelas fases de acompanhamento do produto e processo e pela descontinuação do produto (FIGURA 6).
Etapas do pós-desenvolvimento (FONTE: ROZENFELD et. al., 2006)

A fase de acompanhamento de produto e processo tem os seguintes objetivos: avaliar a satisfação do cliente, monitorar o desempenho do produto (técnico, econômico, ambiental, de produção e de serviços), realizar auditoria pós-projeto. Já a fase de descontinuação do produto analisa e a prova a descontinuidade do mesmo, prepara a empresa para o recebimento deste produto, acompanha este recebimento, encerra a produção, finaliza o suporte ao produto e faz a avaliação geral e encerramento do projeto (ROZENFELD et. al., 2006).

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