Os níveis crescentes de consumo de recursos per capita demandam do Designer a reflexão sobre soluções que revertam este crescimento porém sem reduzir a satisfação das pessoas. Minimizar os recursos presentes em produtos e serviços é uma das estratégias centrais para alcançar este objetivo. Não se trata apenas da minimização de recursos no produto/serviços na fase de uso mas sim em todo o ciclo de vida, incluindo a minimização de perdas/refugos na produção, redução da energia necessária para a produção e operação do produto, redução ou eliminação das embalagens utilizadas e minimização do transporte requerido.
A minimização de recursos em um produto ou serviço pode ser obtida pela fusão de elementos que convencionalmente estariam separados. O serviço de limpeza de um apartamento pode estar associado ao serviço de re-abastecimento de produtos de limpeza providos a granel (shampoo, sabão, etc). 

Desenhar soluções adequadas para as exatas necessidades do usuário, eliminando excessos e itens desnecessários (vide exemplo ao lado - empresa Martoni - disponível na base de dados Eco-Cathedra), e ainda assim manter ou ampliar o valor dos produtos/serviços é um desafio complexo pois envolve muitas vezes a mudança de paradigmas culturais fortemente estabelecidos na sociedade. É preciso, por exemplo, reverter paradigmas da relação entre o tamanho e quantidade de recursos materiais associados a um dado serviço/produto e o status associado a estas opções. 
Um aspecto em particular chama a atenção quando se trata da contribuição de serviços na minimização de recursos para o provimento de uma unidade de satisfação: o volume de embalagens que utilizamos na sociedade atual. O volume é via de regra excessivo e o design pode contribuir decisivamente para alterar este quadro. É preciso, por exemplo, alterar a percepção no consumidor ainda quando criança de que quanto maior a embalagem maior o carinho da pessoa que está presenteando!
    Soluções orientadas à minimização dos recursos na fase de uso têm como desafio o fato de que muitas vezes demanda alteração no comportamento do consumidor, o que não necessariamente ocorre em situações reais. Soluções em design da informação ou intervenção nos atributos semióticos associados ao serviço/produto podem contribuir para influenciar esta mudança de comportamento. 
  Uma estratégias eficaz para reduzir consideravelmente o volume de recursos utilizados no provimento da satisfação das pessoas é a implementação de sistemas produto+serviço (PSS), conforme apresentado no início deste livro. O PSS pode ir desde o provimento de uma plataforma a partir da qual o usuário consegue ter suas necessidades atendidas até sistemas orientados a resultados finais ao usuário (full service). O impacto desta abordagem na minimização de recursos é significativo pois há maior compartilhamento de recursos entre consumidores e, eventualmente, a própria desmaterialização do consumo. No Brasil são raros os cursos de graduação que tratam desta temática e ainda mais raros os profissionais capacitados para o projeto de sistemas produto+serviço, muito embora no mundo real observe-se um número crescente de tais sistemas sendo implementados (embora nem sempre de forma eco-eficiente).
  O quadro a seguir apresenta um check-list de critérios de projeto orientados à minimização dos recursos em produtos e serviços, tendo como base as propostas de Manzini & Vezzoli e os resultados dos estudos realizados no Núcleo de Design & Sustentabilidade.
  Quadro  1 – Check-List the Critérios para a Minimização de Recursos (produtos)
       | CRITÉRIOS | SIM | NÃO | Não se Aplica | 
     | Os serviços possibilitam a redução dos   insumos para a operação do produto? |   |   |   | 
     | O serviço oferece uma plataforma na qual a   remuneração ocorre pela unidade de satisfação? |   |   |   | 
     | O serviço oferece um full service, focado   nos resultados finais da unidade de satisfação? |   |   |   | 
     | O serviço instrumentaliza o uso coletivo do   produto e sua infraestrutura? |   |   |   | 
     | São utilizados serviços especializados   quando os mesmos podem resultar em uso mais ótimo dos recursos? |   |   |   | 
     | Há a desmaterialização do produto ou algumas   de suas partes? |   |   |   | 
     | Há a digitalização do produto ou algumas de   suas partes? |   |   |   | 
     | Foi implementado a miniaturização? |   |   |   | 
     | O produto evita dimensionamentos excessivos? |   |   |   | 
     | O produto minimiza os valores de espessura   dos componentes? |   |   |   | 
     | Usa nervuras para enrijecer as estruturas? |   |   |   | 
     | Escolhe processos produtivos que minimizem o   consumo de materiais? |   |   |   | 
     | Escolhe os processos produtivos com menor   consumo energético |   |   |   | 
     | Utiliza instrumentos e aparelhagens   produtivas eficientes |   |   |   | 
     | Utiliza o calor disperso por algum processo   produtivo, para pré-aquecimento de fluxos de outros processos? |   |   |   | 
     | Utiliza sistemas de regulagem flexível da   velocidade dos elementos de funcionamento de bombas/motores? |   |   |   | 
     | Utiliza sistemas de interruptores   inteligentes das aparelhagens? |   |   |   | 
     | Os motores foram dimensionados de maneira   otimizada? |   |   |   | 
     | Facilita a manutenção dos motores? |   |   |   | 
     | Foram definidos cuidadosamente os limites e   tolerâncias? |   |   |   | 
     | Otimiza os volumes de compra dos lotes   (estoques)? |   |   |   | 
     | Otimiza os sistemas de controle de estoque   (inventário)? |   |   |   | 
     | Minimiza o consumo de materiais  como papéis e embalagens? |   |   |   | 
     | Usa instrumentos computacionais para o   projeto, modelagem e prototipagem? |   |   |   | 
     | Usa instrumentos computacionais para   arquivamento, comunicação escrita e apresentações? |   |   |   | 
     | Evita excesso de embalagens? |   |   |   | 
     | Utiliza material somente onde for realmente   útil? |   |   |   | 
     | Produtos compactos com alta densidade de   transporte e de armazenagem? |   |   |   | 
     | Os produtos são concentrados? |   |   |   | 
     | A solução torna os produtos mais leves? |   |   |   | 
     | O produto é passível de ser utilizado   coletivamente? |   |   |   | 
     | Busca a eficiência do consumo de recursos no   funcionamento do produto? |   |   |   | 
     | O design permite eficiência de operações de manutenção? |   |   |   | 
     | Usa suportes digitais reconfiguráveis? |   |   |   | 
     | Utiliza sistemas com consumo variável de   recursos para diferentes exigências de funcionamento? |   |   |   | 
     | Usa sensores para o ajuste dos consumos às   exigências de funcionamento? |   |   |   | 
     | Incorpora nos produtos mecanismos   programáveis para desligar automaticamente? |   |   |   | 
     | Faz com que o estado de default seja o de   menor consumo possível? |   |   |   | 
     | Prevê sistemas com consumo passivo  de recursos? |   |   |   | 
     | Adota sistemas de transformação de energia   de alto rendimento ? |   |   |   | 
     | Usa motores com maior eficiência? |   |   |   | 
     | Projeta/adota sistemas de transmissão de   energia de alta eficiência? |   |   |   | 
     | Utiliza materiais ou componentes técnicos de   energia de alta eficiência? |   |   |   | 
     | Utiliza materiais ou componentes técnicos   altamente isolados? |   |   |   | 
     | Projeta sistemas com isolamento ou distribuição   precisa dos recursos? |   |   |   | 
     | Minimiza o peso dos produtos que devem ser   movidos? |   |   |   | 
     | Projeta sistemas de recuperação de energia e   de materiais? |   |   |   | 
     | Facilita o uso da economia de energias e de   materiais? |   |   |   | 

A constatação de que a quantidade de recursos consumidos não tem uma relação com felicidade pode ser obtida através da análise dos Índices de Felicidade Interna Bruta (FIB) (uma alternativa inteligente ao PIB – Produto Interno Bruto). Via de regra esta análise mostra que após certo nível de renda o aumento da riqueza não conduz a um correspondente aumento da felicidade. Como resultado, países que apresentam elevado volume de consumo não necessariamente apresentam o nível mais elevado de felicidade (vide imagem ao lado). O Butão utiliza este indicador na administração do pai, sendo metido: padrão de vida, saúde, educação, resiliência ecológica, bem-estar psicológico, diversidade cultural, uso equilibrado do tempo, boa governança e vitalidade comunitária. No Brasil a FGV (2008) confirmou validade do axioma base do FIB em survey realizada entre jovens brasileiros com idade entre 15 e 29 anos. Os jovens pesquisados apresentaram o nível mais alto de felicidade futura, dentre os jovens dos 132 países pesquisados.